16 de maio de 2011

Firmes, constantes e abundantes

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. 1Co 15:58

Paulo está discorrendo sobre a doutrina da ressurreição, de Cristo e a nossa. Termina sua argumentação doutrinária com palavras de ações de graças: “Graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15:57). Mas ele não encerra assim o assunto. Como sempre faz, ele aplica a doutrina à vida prática da igreja e ao caráter cristão. A palavra “portanto” faz a ligação entre a doutrina da ressurreição e a prática que deve resultar da fé nela. Hoje consideraremos como deve ser a pessoa que crê na doutrina da ressurreição e como isso deve afetar o seu trabalho na obra do Senhor. 

Consideraremos três aspectos do caráter de quem crê na ressurreição:

O cristão deve ser firme. A palavra firme (gr. hedraios) significa “o que está sentado, imóvel”. Descreve a condição de alguém que tem uma firme convicção, que não fica mudando de opinião a todo instante. Não se trata de uma pessoa que tem um credo para cada dia, hoje crê numa coisa, amanhã em outra e quem sabe semana que vem em outra completamente diferente. O termo descreve “o que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas domínio sobre o seu próprio arbítrio, e isto bem firmado no seu ânimo” (1Co 7:37). A ele não cabe a repreensão “até quando coxeareis entre dois pensamentos?” (1Rs 18:21), pois é firme em suas convicções, somente mudando quando convencido pela Palavra de Deus.

O cristão deve ser constante. Firmes e constantes não formam uma redundância, pois as palavras tem nuanças que as diferenciam entre si. Constante (gr. ametakinetos) significa inabalável, inamovível. Se firme descreve alguém imóvel, que não muda facilmente por si mesmo, constante descreve alguém que não é movido por outros ou por circunstâncias exteriores. Assim, firme descreve a posição de alguém em tempo de paz, constante descreve a pessoa na mesma posição, mas agora sob ataque. Ou seja, a ideia é de alguém que guarda o seu posto sob fogo intenso. O termo é usado por Paulo quando encoraja aos colossenses dizendo “não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes” (Cl 1:23). 

O cristão deve ser abundante na obra do Senhor. Se você mantém a convicção interior e resiste com êxito aos ataques externos, está pronto para o próximo passo. Pois de um soldado espera-se não apenas que tenha firmeza e constância, mas também que apresente entusiasmo na batalha, dando de si além do que se espera. Em outras palavras, convém que ele seja abundante. 

Abundar (gr. perisseuo) significa “exceder um número fixo previsto, ir a mais e acima de um certo número ou medida”. Em outras palavras, é fazer mais que o acordado, ir além do combinado, superar as expectativas. A ideia implícita é de um progresso contínuo, como em Atos 16:5, onde se diz que “as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número” ou em 1Ts 4:10, em que Paulo destaca o amor fraternal dos tessalonicenses para com os macedônios, “contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais”. Quer dizer, aquele que faz com firmeza e constância, será capaz de fazer mais! 

Se você é um cristão verdadeiro, você deve estar pensando: “sim, eu quero ser firme, constante e abundante, mas como fazer isso?”. Se este é o caso, temos uma palavra para você. Deus mesmo dá o poder e a motivação para isso. 

O poder está no Senhor. Lembramos que Paulo disse que é “Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15:57). A frase “no Senhor” que aparece no final do versículo deve ser aplicado a tudo o que é demandado anteriormente. Assim, podemos ser firmes se o formos no Senhor. Podemos ser constantes o formos no Senhor. E podemos ser abundantes apenas se o formos no Senhor. Reconhecendo nossa incapacidade e nossa dependência de Deus, ele nos dá tudo o que pede de nós. “Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, para que pudéssemos oferecer voluntariamente coisas semelhantes? Porque tudo vem de ti, e do que é teu to damos” (1Cr 29:14). 

A motivação é que o vosso trabalho não é vão. Nada é mais motivador que observarmos o resultado de nosso trabalho. Porém, na obra de Deus nem sempre os resultados são evidentes a curto prazo. E por isso, muitos desanimam, pois queremos ver resultados grandes e imediatos. Porém, aqui temos que confiar na Palavra de Deus. Ela deve bastar para o verdadeiro crente. E ela nos afirma que nosso labor não é vão no Senhor. 

Isso significa que ainda que a semente pareça demorar para germinar, certamente crescerá e dará frutos, pois Deus está na causa: “eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento” (1Co 3:6). Como a Palavra de Deus não volta vazia, “aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126:6). Mas significa, também, que nosso trabalho será recompensado pelo Senhor naquele glorioso dia, em que ouviremos “bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25:21). 

Alentados por esta esperança, sejamos firmes, constantes e abundantes na obra do Senhor!

Soli Deo Gloria 

Clóvis Gonçalves é blogueiro do Cinco Solas e escreve no 5 Calvinistas às segundas-feiras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião sobre este post é muito importante. Para boa ordem, os comentários são moderados e somente são publicados os que forem assinados e não forem ofensivos, lembrando que discordar não é ofensa.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.