16 de novembro de 2009

Breve comparação entre arminianismo e calvinismo

Antes de apresentar as diferenças, é necessário salientar que este é um debate intramuros de irmãos em Cristo. Não se levanta a questão para se saber quem é salvo e quem não é, tampouco para descobrir quem é o mais espiritual, pois em ambos os lados há pessoas verdadeiramente convertidas e de vida piedosa. Porém, não se pode dizer que o tema é irrelevante, haja vista que nossa vida diária, o culto que oferecemos ao Senhor e o serviço que prestamos em Sua Obra são influenciados pela maneira como entendemos essas questões. Os parágrafos seguintes apresentam as duas opções teológicas da forma mais imparcial possível.

O calvinismo entende que o homem é absolutamente incapaz de ir a Cristo, pois está morto espiritualmente e precisa antes de qualquer ação de sua parte ser vivificado em seu espírito e renovado em sua vontade. O arminianismo entende que o homem tem livre-arbítrio pelo qual pode crer e aceitar a Cristo, para depois ser regenerado.

O calvinismo crê que Deus escolheu de forma soberana e graciosa aqueles a quem iria salvar, sem que nada neles os habilitasse a isso, nem mesmo fé antevista. Os arminianos crêem que Deus escolheu aqueles que Ele pela Sua presciência viu que iriam responder com fé à oferta do evangelho.

Os calvinistas afirmam que Jesus Cristo morreu para tornar certa a salvação daqueles que Deus havia escolhido na eternidade. O arminianismo ensina que Jesus morreu para tornar possível a salvação de todos e cada um dos homens.

O calvinismo crê que os eleitos são chamados de forma eficaz, de modo que todos sejam salvos. O arminianismo crê que a graça pode ser resistida e de fato é por aqueles que não crêem.

Os calvinistas crêem que todos os que foram verdadeiramente regenerados irão perseverar certamente. Os arminianos acreditam que crentes nascidos de novo podem vir a cair da fé e perder a salvação.

Apresentadas estas diferenças, convém esclarecer alguns mal entendidos de parte a parte.

Não é certo dizer que os calvinistas acreditam que o homem é como um robô ou fantoche, pois eles acreditam que os homens são seres morais livres. E não é correto afirmar que os arminianos ensinam que o homem pode ser salvo apenas pela sua vontade, sem a assistência da graça.

Não é verdade que os calvinistas defendem uma eleição arbitrária, tipo um sorteio cósmico, pois fazem a eleição depender de um Deus que é soberano, sábio e bom. Também não é certo afirmar que os arminianos negam a doutrina da eleição, pois afirmam a eleição ou pela presciência ou de forma corporativa.

Não e correto afirmar que os calvinistas limitam o valor da morte de Cristo, pois eles afirmam que ela é suficiente para salvação de todos os homens. E não é verdade que os arminianos defendem o universalismo, pois a fé é ressaltada como necessária à salvação e nem todos crêem.

Não é verdade que os calvinistas crêem que Deus obriga as pessoas a amá-lo, pois o que Deus faz é mudar a disposição do coração do homem, para que o ame voluntariamente. Também não é verdade que os arminianos ensinam que a graça ajuda mas não é imprescindível à salvação.

Finalmente, não é verdade que os calvinistas defendem que os crentes serão salvos de qualquer jeito, mesmos que percam a fé. E é mentira que os arminianos afirmam que a salvação depende totalmente do crente.

Nestes pontos, o que é comum aos dois sistemas é que ambos admitem os efeitos da queda, variando o grau e a extensão desses efeitos, que ao final nem todos os homens são salvos, sendo que a fé a incredulidade caracterizarão os salvos e os perdidos, respectivamente, que a salvação do homem depende da obra de Cristo em seu favor na cruz, que a chamada pelo Espírito Santo é necessária e que todos dos que forem salvos terão perseverado. É em detalhes, pequenos mas fundamentais, que estão as diferenças que distinguem os dois sistemas.

Finalmente, não se pode afirmar que os dois sistemas estão certos. Nem que um deles está 100% certo e o outro 100% errado. Contudo, um deles conta com o testemunho mais abrangente, profundo e consistente das Escrituras. E, portanto, deve ser aceito como o que mais se aproxima da verdade revelada. O estudo cuidadoso e com disposição para abandonar pressupostos em nome da verdade bíblica revelerá qual deve receber nossa aprovação.

Soli Deo Gloria

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